O ano sacerdotal

O ano sacerdotal

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O Papa Bento XVI, acolhendo o pedido feito por Sua Eminência o Sr. Cardeal Dom Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero, abrirá o ano dedicado ao sacerdócio no próximo dia 19 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, para celebrar os 150 anos da morte do Padre São João Maria Vianney, o Cura D’Ars. O Ano Sacerdotal terá como tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote” e se estenderá até o dia 19 de junho de 2010. Mas quem foi o Santo Cura D’Ars?! Este Pároco de uma pequenina aldeia perto de Lyon, berço da França Católica, sede primaz do episcopado servirá como fonte inspiradora para todos nós.
O Padre Vianney nasceu em Dardilly, perto da citada Lyon, em 1786, e seus pais eram agricultores de classe pobre. Nasceu três anos antes da revolução francesa, que foi tremendamente anticlerical. João Maria conhecerá, quando adolescente, os chamados “padres refratários” – assim eram chamados na França os sacerdotes fiéis à Igreja Católica, que, naquela época se recusavam a prestar juramento de fidelidade incondicional ao novo regime.
É na humilde propriedade do seu pai, em Dardilly, que no coração do camponês, tímido e sem cultura, vai brotar a vocação ao sacerdócio. A falta de sacerdotes na França da época era uma preocupação muito grande para a Igreja e João foi este jovem que abriu seu ouvido ao chamado de Deus e decidiu ingressar no seminário. Tempos duros e ásperos – nosso jovem seminarista tinha grandes dificuldades para assimilar as matérias que lhe ensinavam, em particular o latim. Um historiador da vida do Cura d’Ars assim descreveu este período de sua existência: “Ele ignorava quase tudo, era com grande dificuldade que lia o latim do breviário. Sua compreensão era lenta; sua memória tropeçava em múltiplos esquecimentos; decididamente ele não progredia nos estudos”.
Em 1812 quando João Maria completou 26 anos, foi que ingressou no seminário de filosofia e, em seguida, teologia. Por causa da sua grande dificuldade no latim ele foi mandado para fora do seminário, mas foi logo resgatado por um padre amigo - o Pe. Balley - e logo depois do malsucedido exame final de teologia o seu superior, que dava a última palavra em tudo, ponderou: “Este jovem tem vida interior, de oração? Reza com piedade o Santo Rosário? Tem um amor profundo à Virgem Maria, Mãe de Deus? Então basta: a graça do Senhor fará o resto”...E assim no dia 13 de agosto de 1813, João Maria foi ordenado sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A vida do jovem sacerdote demonstrava claramente que o seu superior foi guiado pelo Espírito Santo para ordená-lo sacerdote. Padre João Maria Vianney morreu em Ars em 1959, com 73 anos. O Papa Pio XI o canonizou como sendo santo da Igreja Católica, em 1925.
Os que se ocuparam de escrever a vida deste santo recolheram palavras maravilhosas para a vida cristã saídas da boca santa deste humilde sacerdote. Palavras ponderadas e cheias da sabedoria de Deus – tocadas muitas vezes pela luz sobrenatural.
De muitas frase celebres deste querido e amado sacerdote que é um exemplo hoje e sempre o será para todos os párocos, vou citar aqui algumas relacionadas ao sacerdócio. Ei-las:
“Depois de Deus, o sacerdote é tudo”“Ninguém pode recordar um beneficio recebido de Deus, sem encontrar, ao lado desta lembrança, a figura de um padre”. “O Sacerdócio é o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo”. “Quando um cristão avista um padre deve pensar em Nosso Senhor Jesus Cristo”. “Se a Igreja não tivesse o sacramento da ordem, não teríamos entre nós Jesus Cristo”. “Quem coloca Jesus no Sacrário? O padre.“Quem acolheu nossa alma na entrada da vida? O padre. Quem alimenta nossa vida na peregrinação terrestre? O padre. Quem prepara nossa alma para comparecer diante de Deus? O padre. É o padre quem dá continuidade a obra da redenção na terra”.“O padre deve estar sempre pronto para responder às necessidades das almas”. “No lugar onde não há mais o padre não há mais o sacrifício da missa”. “Deixai uma paróquia sem padre por vinte anos, e ai se adorarão os animais”. “Quando alguém quer destruir a religião, sempre se começa por atacar e destruir o padre”.“Quanto é triste um padre que não tenha vida interior. Mas para tê-la, é preciso que haja tranqüilidade, silêncio e o retiro espiritual”. “O que nos impede de sermos santos, a nós, os padres, é a falta de reflexão. Nós não encontramos em nós mesmos, não sabemos o que estamos fazendo. O que nos falta é a reflexão, a oração e a união com Deus”.
Talvez um leitor que se diga moderno afirme que estas frases do padre Vianney estejam ultrapassadas. Isto porque nos dias de hoje afirmamos que o padre deve ser, sobretudo, um líder popular. Entretanto, a vida do Padre Vianney é para todos nós sacerdotes uma inspiração. Sacerdotes configurados ao Coração de Jesus. “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jer 3, 15).
Para que tenhamos abundantes e santos sacerdotes é mister que as famílias católicas amem e respeitem os seus padres. A missão do padre vai contra a corrente da mentalidade do mundo presente. As pessoas querem uma profissão de sucesso: e o sacerdócio não é uma carreira, e sim uma consagração, uma entrega, renuncia e despojamento.
Nestes últimos domingos preguei nas primeiras missas de dois neo-sacerdotes da nossa Diocese – Pe. Almir e Pe. Wetembergue – os mesmos me convidaram, junto com sua turma, para pregar o retiro espiritual preparatório para a ordenação, mas acabei recusando por falta de tempo.
Senti-me emocionado e renovado ao falar no momento em que cada um “cantou” sua primeira missa onde recordei uma antiga canção que diz assim: “Ser sacerdote é estar revestido, de iguais poderes tais quais Jesus. É ter a mesma missão divina, ser sal da terra e no mundo luz”. Rezemos por todos os sacerdotes a Maria que os tem como filhos prediletos, ela nos acompanha e, no silêncio da casa paroquial, é presença materna de todo padre.
Pe. José Hunaldo Feitosa
paroco da paroquia São José Jd Brasilia-sp

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